PIB angolano cresceu na última década, mas poupança e investimento caíram

O Produto Interno Bruto (PIB) de Angola apresentou recuperação significativa na última década, saindo de cerca de 15,8 biliões Kz em 2015 para aproximadamente 101,9 biliões Kz em 2024 — crescendo em média 23% ao ano. Contudo, esse desempenho está em grande parte associado à inflação acumulada, o que limita uma avaliação precisa da evolução real da economia.

EDACO
  • 16/07/2025
    PIB angolano cresceu na última década, mas poupança e investimento caíram

    Após o choque negativo de 2020 com uma retração de 4,04%, o PIB retornou aos níveis positivos, crescendo 2,10% em 2021 e alcançando um pico de 4,42% em 2024 — o maior valor do período.

    Apesar dessa retoma macroeconômica, indicadores cruciais de sustentabilidade estão em queda. A taxa de poupança interna despencou para apenas 15,77% do PIB em 2024 — o patamar mais baixo da década, comparado aos 30,68% registrados em 2018. Da mesma forma, o investimento recuou de 28,66% para 10,39% do PIB no mesmo período.

    A par dessa queda, houve também uma inversão na composição do rendimento nacional. O peso dos salários na economia caiu de 26,48% em 2015 para apenas 19,46% em 2024, enquanto os lucros empresariais e ganhos de trabalhadores independentes aumentaram de 71,30% para 77,82%.

    Em paralelo, apesar dos cortes em poupança e investimento, Angola passou a registrar capacidade líquida de financiamento a partir de 2018, atingindo 5,40% do PIB em 2024. Ou seja, a economia deixou de depender de fontes externas para equilibrar seu financiamento.

    Panorama e desafios

    O crescimento nominal do PIB e a capacidade de autofinanciamento são sinais positivos, porém a queda expressiva dos índices de poupança e investimento aponta fragilidades estruturais no modelo de desenvolvimento. A dependência de receitas petrolíferas mantém a economia vulnerável à volatilidade global, enquanto a redução dos investimentos compromete a modernização e diversificação do setor produtivo.

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