Dívida de Angola com a China cai para cerca de 8 mil milhões de dólares
Dados recentes da Unidade de Gestão da Dívida Pública revelam que, nos últimos dois anos, Angola reduziu sua dívida com a China de aproximadamente 10 mil milhões de dólares para 8,9 mil milhões, com a perspectiva de baixar para 7,5 mil milhões até o final de 2025.

No encerramento do primeiro semestre, a dívida total do Estado angolano atingiu 61,9 mil milhões de dólares, com 16,7 mil milhões em dívida interna e 45,2 mil milhões em dívida externa. Parte da dívida externa, cerca de 5 mil milhões de dólares, refere-se ao serviço da dívida, operando dentro dos parâmetros previstos pelo Plano Anual de Endividamento.
O modelo de redução tem-se apoiado em maior uso de financiamento interno, com 99 % das contratações em taxas fixas. Em 2024 e 2025, o Governo decidiu priorizar crédito doméstico em vez de buscar mais empréstimos externos, em reação às condições voláteis do mercado global.
Desde 2022, Angola tem conseguido diminuir o estoque de dívida em cerca de 2 mil milhões de dólares por ano, um desempenho alinhado à estratégia de longo prazo e à cautela com os recursos petrolíferos.
Essas iniciativas contribuíram ainda para o fortalecimento das reservas internacionais — passando de 14 mil milhões para 15,5 mil milhões de dólares — proporcionando maior resiliência econômica frente à incerteza global.
Quanto ao mercado de Eurobonds, o vencimento previsto para novembro soma 864 milhões de dólares, e o governo está atento para criar condições de amortização adequadas, sem comprometer a saúde fiscal.
Contexto geopolítico e dívida chinesa
Angola representa cerca de 25% dos empréstimos chineses a África desde 2000, somando mais de 45 biliões de dólares entre 2000 e 2014, segundo levantamento da Boston University. Embora seja o país africano com maior volume de dívida com a China, sua trajetória mostra capacidade de gestão ativa e redução sustentável dessa pendência.
A relevância dessa relação vai além dos valores, envolvendo uma articulação complexa entre dívida, garantias petrolíferas e integração em projetos estruturais, como a construção de infraestruturas financiadas por empréstimos chineses .
A redução da dívida chinesa representa um avanço significativo na estratégia de Angola para fortalecer suas finanças públicas e reduzir dependência externa. O foco no financiamento doméstico e na cautela em relação ao endividamento externo demonstra um esforço consciente por sustentabilidade econômica. Ainda assim, desafios como o próximo vencimento de Eurobonds e a volatilidade do petróleo exigem vigilância contínua.