Petroleiros Reagem com Baixa de Preços em Meio a Perspectivas de Redução do Conflito
Desde sexta-feira, 15 de agosto, os mercados petrolíferos têm reagido às negociações em curso entre Estados Unidos, Rússia, Ucrânia e países europeus com vislumbres de uma possível redução na intensidade do conflito, resultando em queda acentuada dos preços do barril.

A principal razão dessa desvalorização é a expectativa de que, com o alívio das tensões, o petróleo russo possa retornar ao mercado sem as restrições impostas pelas sanções ocidentais desde fevereiro de 2022. A retomada da oferta pressionará em sentido descendente o preço do barril.
Além disso, a OPEP+ tem intensificado sua produção — com expansão de 100 mil barris por dia em maio, passando a 411 mil até agosto e com previsão de 511 mil bpd em setembro. Esse aumento expressivo no fluxo de oferta gera um excedente que pressiona os preços globalmente.
O impacto em Angola é significativo. O barril de Brent, referência para as exportações do país, foi cotado a US$ 65,75 no início da tarde de terça-feira, dia 19, uma queda de 1,34% em relação à sessão anterior e abaixo dos US$ 70 estimados no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2025 (Veja também contexto prévio do mês: cotação abaixo dos US$ 70).
Impactos Econômicos e Perspectivas
+ Receitas fiscais comprometidas: O petróleo representa cerca de 90% das exportações, 35% do PIB e 60% da arrecadação fiscal nacional. A queda nos preços pode gerar necessidade real de revisão no OGE 2025 caso a tendência se mantenha.
+ Potencial de crescimento não aproveitado: Embora Angola tenha reservas estimadas em 9 bilhões de barris e capacidade já superior a 1,8 mbpd no passado, o setor enfrenta subinvestimento contínuo — tanto na pesquisa quanto na manutenção dos campos offshore em declínio.
+ Transição energética e futuro: A pressão global pela transição energética e a redução de combustíveis fósseis somam-se à desvalorização do petróleo, o que pode abalar ainda mais o setor petrolífero angolano.
A combinação de uma possível mediação de fim de conflito, retorno da oferta russa e aumento da produção da OPEP+ tem reduzido o valor do barril no mercado internacional. Para Angola, esse cenário exige atenção imediata à sustentabilidade fiscal e aceleração da diversificação econômica além do petróleo.