Inclusão Financeira em Angola: a urgência de democratizar o acesso ao dinheiro

A inclusão financeira é um desafio premente em Angola. Mais de 50% da população está excluída do sistema financeiro, com apenas cerca de 32–36% bancarizados e apenas 6% usando pagamentos móveis. Apesar da penetração crescente de telefones móveis (em torno de 70%), barreiras estruturais limitam o uso efetivo desses canais.

EDACO
  • 21/06/2025
    Inclusão Financeira em Angola: a urgência de democratizar o acesso ao dinheiro

    Diversos fatores bloqueiam a inclusão plena:

    • 38% da população rural não tem acessos à rede móvel, e 52% não têm eletricidade.

    • Apenas 42% têm Bilhete de Identidade (BI) e muitos vivem com baixa escolaridade (13% sem ensino formal).

    • O setor informal (80% da força de trabalho) não se beneficia da bancarização.

    Estratégia Nacional de Inclusão Financeira (ENIF) 2025–2027

    O Banco Nacional de Angola (BNA) lançou consulta pública para a ENIF, com metas claras:

    • Aumentar a bancarização de 31% para 36% até 2027.

    • Elevar a literacia financeira de 24,7% a 27,1%.

    • Expandir inclusion para jovens, mulheres, rural e informais, mobilizando recursos do setor público e privado.

    Papel dos pagamentos móveis e digitalização

    Pagamentos por celular são uma alavanca estratégica:

    • Apesar da penetração de mobiles, apenas 6% usam mobile money.

    • Fintechs como BayQi e operadoras como Afrimoney (Africell) treinam zungueiras e mulheres para promover uso e confiança nos meios digitais.

    • O BNA planeja simplificar licenciamento de fintechs e lançar pagamentos em tempo real com taxas mais baixas.

    Colaboração entre setores

    Especialistas defendem que inclusão financeira exige coordenação ampla:

    • Parcerias entre Estado e setor privado são consideradas fundamentais.

    • Reduzir burocracia, melhorar infraestrutura e promover literacia financeira são pilares-chave.

    • Exemplos práticos como o Corredor do Lobito mostram sinergia entre infraestrutura e inclusão financeira.

    Benefícios e impactos sociais

    A inclusão financeira traz ganhos sociais e econômicos:

    • Facilita poupança, acesso ao crédito e construção de ativos, combatendo pobreza e vulnerabilidade.

    • Promove empoderamento feminino, especialmente ao integrar mulheres em redes de agregação digital.

    • Potencializa transformação da economia informal em formal, apoiando pequenos negócios rurais.

    Perspectivas Futuras e Ações Recomendadas

    • Atingir 36% de bancarização e 75% de inclusão até 2027–2028 requer expansão massiva de mobile money, alfabetização digital e identidade civil universal.

    • Iniciativas como a agência Afrimoney e treinamentos via USAID e IDG ajudam a popularizar os pagamentos digitais e a garantir segurança e confiança.

    Angola enfrenta barreiras significativas para democratizar o acesso ao dinheiro formal. A inclusão financeira precisa de uma abordagem integrada que combine infraestrutura digital, educação, regulação favorável, serviços móveis e colaboração entre Estado, bancos e fintechs. A ENIF e iniciativas ponta são passos promissores, mas o sucesso dependerá da execução eficaz e do compromisso contínuo de todos os atores envolvidos.

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