ANPG com resultados operacionais negativos vê lucros afundarem 65%
A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) apresentou uma queda de 65% nos resultados líquidos em 2024, que passaram de 2,4 biliões Kz para 839 mil milhões Kz, equivalente a uma perda de 1,6 biliões Kz (cerca de 2 mil milhões de USD), segundo o relatório financeiro divulgado pela concessionária nacional.

Essa redução significativa decorreu sobretudo da diminuição dos ganhos cambiais e dos valores previstos relativos aos fundos de abandono, que tradicionalmente compõem grande parte dos lucros da ANPG, considerando que os proveitos operacionais da sua atividade principal apresentaram uma contribuição reduzida nas contas.
A queda de 66% nos ganhos cambiais, que totalizaram 385,2 mil milhões Kz, foi atribuída à depreciação do kwanza, que gerou perdas financeiras equivalentes a 39%, ou cerca de 1,2 biliões Kz. Além disso, os resultados não operacionais, consistentes na reposição de provisões dos fundos de abandono, recuaram 61%, atingindo 469,3 mil milhões Kz, o que traduz uma perda de cerca de 719,2 mil milhões Kz.
Esta queda no desempenho financeiro também refletiu-se no âmbito operacional. Pela primeira vez desde a sua criação em 2019, a ANPG registou resultados operacionais negativos, com uma diminuição de 53% nos proveitos operacionais — de 379,9 mil milhões Kz em 2023 para apenas 177,3 mil milhões Kz em 2024. O principal fator para essa retração foi a redução de 66% nas receitas provenientes da venda de petróleo bruto, que recuaram de 244,8 mil milhões Kz para 83,4 mil milhões Kz, além de uma queda de 31% nos demais proveitos, como os oriundos da venda de dados sísmicos e materiais petrolíferos.
Adicionalmente, o relatório revela que os fundos de abandono — depósitos garantidos pelas operadoras de blocos petrolíferos para custear futuros desmantelamentos — permanecem contabilizados, mas não implicam a entrada efetiva de liquidez para a ANPG. Aproximadamente 5,8 biliões Kz encontram-se em obrigações de tesouro, 738,7 mil milhões em aplicações financeiras, e 1,6 biliões atribuídos a contas a receber de empresas como Sonangol e Total. No entanto, o auditor externo Deloitte emitiu reservas sobre a confirmação de fundos recebidos, especialmente de um montante de 565,3 mil milhões Kz vinculado ao Bloco 2, que ainda carece de verificação formal.
Em resumo, a deterioração dos resultados da ANPG em 2024 foi impulsionada por perdas cambiais significativas, quedas nos fundos de abandono e resultados operacionais negativos. A forte dependência desses elementos financeiros não vinculados à atividade operacional destaca fragilidades na estrutura de receitas da concessionária, especialmente num ambiente de variações cambiais e queda das vendas de petróleo.